Thursday, May 21, 2009

Como foi meu começo.

16 de Agosto de 1998, em meio a uma viagem bem conturbada e uma dramática mudança de itinerário cá estava eu finalmente em Nova York aproximadamente 20 horas depois de embarcar no Aeroporto de Guarulhos. Parecia um sonho ou talvez um pesadelo, mas, o mais importante é que estava em terra firme,
Na minha cabeça especificadamente passava a seguinte frase: “seja lá que terra fosse aquilo seria melhor do que esta no ar”.
O fato era que nas ultimas horas já estivera em 3 diferentes países (Brasil, Porto Rico e Estados Unidos), agora enfim terminara minha viagem épica.
Depois de sair de Guarulhos (A propósito, o primeiro voo da minha vida), em meio a uma confusão de sentimentos, sendo que eu estava partindo do meu país sem previsão de volta e estava deixando a namorada “parece que a ficha caiu” eu pensava,
"estou mesmo indo pra NY", tudo era meio surreal e novo. Desde check-in até saber se o processo de imigração estava começando ou seria em outro lugar tudo era novo (SABE DE NADA INICENTE!). Estava pisando em muitos ovos. Depois de algumas horas me acalmei e já no avião percebi que deveria me relaxar e aproveitar a viajem. 
É claro que no meu primeiro voo tinha de chover e chover e chover forte pra caramba, com trovões assustadores,
o que ocasionava grandes turbulências na nossa aeronave parecia a pior montanha russa que já tinha andado. Na ocasião me lembrei de quando tinha 6 anos e acompanhado da minha mãe fui a uma montanha russa que estava em um porque na cidade e que pelas aparentes más condições de manutenção, não sugeriam um bom passeio. Pois bem, fomos assim mesmo e a cada curva parecia que tudo ia quebrar e acompanhando minha mãe já desesperada nos abraçamos (nunca me brembro de uma braço tão apertado) e, literalmente gritávamos implorando que Deus ou qualquer santo de plantão nos salvasse. É evidente que sofri bullying dos meus amados irmãos por anos por causa desse episodio. 
Voltando ao voo, Apesar da chuva, turbulências, o medo natural da primeira viagem e saber que ninguém me esperava do outro lado, fiquei feliz que a aeronave dispunha de monitores para exibição de filmes para nosso conforto “ufa vou poder relaxar e me distrair um pouco e esquecer as preocupações, já que sou cinéfilo”. Chega de pensar em turbulências, um mundo de água caindo lá fora a uma altura media de 11,000 metros ou qualquer ideia absurda de possíveis desastres aéreos (o avião é o meio de transporte mais seguro do mundo),
lembrando sempre: era minha primeira vez num avião.
Pois bem, como estava dizendo, para nosso alívio tinha o bendito filme que iria nos distrair. Certo? Errado!
O filme escolhido foi “Titanic”, um filme que mostra um desastre coletivo (em um grande meio de transporte) com água por todos os lados. Lembra algo? Era evidente que agora eu iria conseguir me acalmar pelas próximas 9 horas e meias até o fim da viagem.
Eu fico pensando, quem seria o gênio que escolheria um filme de desastre para um voo de longas horas? Será que foi de propósito?
Mas claro, nem tudo estava perdido, tinha uma versão em Inglês outra em Português.  
Que maravilha! Agora sim estávamos calmos e sem nenhuma impressão que o barco ia afundar ou, no nosso caso, que o avião iria cair (detalhe, o avião tende a fazer a maior parte das viagens sob o mar).
No meio do filme e inspirado por toda energia positiva emanada pelo mesmo, tive de ir ao banheiro. Detalhes internos não serão revelados nesse nem em nenhum texto meu. Depois de um ou dois minutos alguém bate ‘a porta, “Ué, quem será”?
Acredito que existam mais banheiros nesse avião e niguem deve estar tão desesperado assim, a comida do jantar servido a bordo estava até que boa, não creio que tenha dado tempo de fazer qualquer efeito. Quem sabe? Era meu primeiro voo. Depois de alguns segundos ouvi uma nova batida, desta vez mais forte acompanhado de alguém me pedindo pra eu sair.
Nesse momento alegremente acelerei oque estava fazendo, algo que por razões obvias prefiro também não revelar e abri a porta.
Qual foi minha surpresa ao ver todas as luzes acesas e a maior parte da tripulação com coletes salva-vidas, SIM eu já tinha ido ao banheiro e novamente estava ali literalmente cagando nas calças só que dessa vez sem a capacidade física de fazê-lo. 
Fui convidado a voltar ao meu acento e também respeitando as tendências da moda da ocasião, colocando meu colete salva vidas (cor de abobora).
O capitão calmamente nos informou como se ele fosse sua avó te explicando uma receita de bolo nos mínimos detalhes: “Existe uma suspeita de fogo no compartimento de bagagem da aeronave
(claro... algo que ouvimos todos os dias. Pra se alarmar?) e teremos que talvez fazer um pouso forçado no mar”.
Pensei cá com meus botões: “Nada mau para minha primeira vez né! VAMOS SURFAR!!!”
Pois bem, no final depois dos 25 minutos mais longos da minha vida numa aeronave onde todos se calaram de pavor e podia-se ouvir a respiração de cada passageiro, pousamos. 
Nunca entendi uma partida de baseball e sempre achei esse esporte muito chato, um jogo de taco era mais legal no entanto, nunca vou me esquecer da alegria ao ver aquele campo de baseball assim que entramos em Porto Rico. Era a grama mais verde do mundo e as luzes estavam brilhando lindamente. Foi a primeira coisa que nos dava a certeza que estávamos em terra firme. Por breve momento virei fã do esporte e me esqueci até do Corinthians meu time do coração  “GO YANKEES!!!”. Depois de pousarmos em Porto Rico ficamos por lá por mais 8 horas até trocarmos de avião.
Me lembro de uma maneira nada positiva da organização do aeroporto que quase não nos informava nada. Na época meu espanhol era sofrível, bem pior do que é agora (ou seja, se já não falo bem espanhol agora imagina na época). Pois bem, não entendia muito bem os agentes que estavam organizando a transição para uma nova aeronave, me lembro bem que as malas que normalmente deveriam ir para as esteiras de bagagens (me disseram que deveria funcionar assim) no entanto, as mesmas eram carregadas por funcionários enormes e bem gordos que pegavam cada um quatro malas pesadas, cada par em um braço. Lembro-me bem que estava calor e eles usavam uma camisa de manga curta e um chapéu parecido com os de oficiais militares, lembro que a barriga deles ficava para fora e isso era realçado quando estavam carregando as malas. Curiosidades a parte, todos os tripulantes do voo acabaram ficando em uma sala sem comida ou agua por mais algumas horas e depois nos foi oferecido telefones para que pudéssemos nos comunicar, mas somente com os Estados Unidos. Bem, a única pessoa que eu tinha o contato era a pessoa que eu iria alugar um quarto e então acabei ligando para ela na esperança que minha família entrasse em contato com a mesma a fim de saber do meu paradeiro. Felizmente isso aconteceu e pude ficar mais aliviado. Quando nos foi anunciado que a nova aeronave estava pronta para prosseguir viagem, formos fazer o processo de imigração americana lá mesmo em Porto Rico, pois o mesmo é território americano. Confesso que naquele estágio eu não sabia mais oque estava fazendo fui seguindo o fluxo. Na verdade, eu nem soube que aquele era o processo de imigração até que cheguei em New Jersey.  Após a troca fomos para Newark-NJ de onde peguei um táxi para Astoria, Queens-NY.
Como não sabia que poderia ter pegado um transporte coletivo e depois um taxi, acabei pegando somente o taxi e gastando 70.00 dólares que na época era um roubo. Para completar o taxista era de origem indiana ou árabe sei la, estava muito cansado para saber (um dos piores sotaques para se entender inglês) e como na época eu falava muito pouco inglês nossa comunicação foi meio que uma briga de foice no escuro (placar 0 x 0).
Bem, assim foi como tudo começou para mim e, é claro, hoje olho para traz e dou risada.
Mas ainda acho que voar é muito seguro.
Detalhe, nunca nos foi informado se havia realmente fogo no compartimento de bagagem do avião.

3 comments:

Unknown said...

vc poderia ser roteirista de filmes dramaticos...

Unknown said...

fal serio e chega de dramas.hrheheh

Donizetti da Silva said...

Verdade!